A melhor frase que uma pessoa pode dizer em todo a sua vida é: “Hoje aprendi uma coisa”. E, posso dizer seguramente, que hoje aprendi uma coisa. Seguramente não digo, mais digo com uma convicção moderada.
Quando eu leio um jornal, devem calcular que não o costumo ler todo. Aliás, com sorte leio quatro artigos por jornal. E se forem quatro, os títulos têm de ser uma variação destes:
“ FC Porto mais uma vez campeão”
“ Casablanca 2 promete não desapontar”
“ Filho de ( preencher com nome de celebridade) em centro de reabilitação”
“ Utilizadores de downloads ilegais denunciados em Janeiro”
Se não for nada disto, existe uma grande probabilidade de que eu vire a página rapidamente. Então, lá estava eu a ler o Diário, até que me aparece uma manchete assim “ Pensionistas vão receber menos 2,25 a 3.5 por cento “. Passo a página e aparece-me isto “ TAP estima prejuízo de 2.5 ME “. Passo, passo, passo e só me aparecem cálculos, percentagens e estimativas. Não só sobre a crise, mas sobre tudo. “ 50 % dos jovens...”, “ 500 crianças...”, “ Um em cada dez habitantes...” .... Pelos vistos é fácil ser jornalista. Um tipo arranja uma história, e enche 3000 caracteres com números. Uma coisa deste género:
Um em cada cinco pessoas prefere coca-cola a Pepsi. Mais de 5 milhões de portugueses já beberam mais de mil latas desde o seu nascimento. Daqui a 30 anos, aquela Universidade que tem sempre percentagens sobre tudo prevê que mais de 37% da população, continuará a beber refrigerantes apesar do seu prejuízo para a saúde.
Provavelmente podem estar a dizer que não é assim tão fácil, que os jornalistas são trabalhadores sérios e posso vos dizer uma coisa: têm toda a razão. Mas respondam-me sinceramente a isto: Vocês leriam o artigo da coca-cola, ou não?