Quem é que não gosta de jantares de família? Essa ocasião tão bonita, em que todos os membros existentes da árvore genealógica se juntam para comer a comida da avó e contar mexericos sobre outras famílias. É claro que esta refeição supostamente harmoniosa acaba sempre mal, visto que toda a gente vai para casa com uma pesada culpa por ter comido uma(s) fatia(s) de bolo de chocolate de tamanho colossal. Mas o que mais me espanta neste evento é a capacidade de meter 30 pessoas numa mesa de 7 que o anfitrião tem. Infelizmente, se fizerem parte de uma família grande, quando uma mesa não chega, duas têm que ser feitas: a mesa dos adultos e a mesa das crianças. Escusado será dizer a qual delas eu pertenço.
Ao contrário de crenças populares, a mesa infantil é bem mais deprimente que a adulta. O membro mais velho passa o jantar todo a dizer como aquilo é " injusto" e como ele já está farto de estar rodeado de "putos". Depois temos o membro mais novo, que saí repetidamente da mesa para perguntar à mãe se já pode ir ver o Ruca. O membro social, que consegue impecavelmente comer ao mesmo tempo que manda mensagens. O membro saudável que nos diz para não pormos tanta maionese que depois ficamos como aquelas pessoas da televisão. O futebolista, geralmente o segundo mais novo da mesa, que faz coisas repugnantes com a comida após nos pontapear debaixo da mesa de forma a chamar a nossa atenção. Finalmente, temos o Moderador. O Moderador tenta manter a conversa interessante, fazendo com que o social desvie o olhar do telemóvel, o futebolista pare de pontapear e o saudável se cale com as calorias das fatias colossais de bolo. Isto tudo para abafar os risos histéricos da mesa dos "grandes". Um dia estarei nessa mesa, mas até lá, fico-me por fazer o que faço melhor: distribuir pontapés.